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‘Quase morri na mão de um PM desequilibrado’, diz homem jogado de ponte

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O jovem jogado de uma ponte por policiais militares no dia 2 deste mês na zona sul de São Paulo, após uma perseguição, disse que “quase morreu na mão de um policial que estava desequilibrado”. O agente responsável por jogar a vítima da ponte, Luan Felipe Alves Pereira, foi preso.

“Quase morri na mão de um policial que estava desequilibrado. Não tem o que falar. O que passou na mente dele pra ele me jogar da ponte?”. A fala foi concedida pela vítima, o entregador Marcelo Amaral, com exclusividade ao Fantástico (TV Globo) neste domingo (8).

Imagens obtidas pelo Fantástico mostram que a vítima desce da motocicleta que conduzia, já perto da ponte onde foi jogado posteriormente, e sai correndo. Ele é seguido na sequência pelos PMs — todos saem do ângulo da câmera. Em depoimento, a vítima disse que, após ser alcançado pelos agentes, foi agredido por Pereira com golpes de cassetete na cabeça e nas costas. Depois, ele foi conduzido até a ponte.

Segundo Marcelo Amaral, Pereira disse que a vítima teria duas opções: “Ou você pula da ponte ou eu jogo você e sua motocicleta daqui”. Na entrevista, o rapaz contou que falou para o agente que não era ladrão e que a motocicleta não era roubada: “Minha moto tá certinha. Nada de errado”, teria dito o rapaz ao policial. “Em nenhum momento também da abordagem, eles pediram o meu documento, a documentação da moto.” Depois, o jovem foi jogado da ponte.

“[Ser jogado da ponte foi] uma sensação horrível. Eu pensei que ia morrer. A partir do momento que ele falou pra mim que ia me jogar da ponte, eu não sei voar. É impossível”, disse Marcelo Amaral em entrevista à TV Globo.

A vítima ainda apontou que aqueles que deveriam proteger a população, na verdade, estão “fazendo essas coisas”. A semana foi marcada por uma escalada de episódios de violência policial no estado de São Paulo.

“Quem deveria proteger a gente está fazendo essas coisas. Não é nada agradável. Não consegui pensar em nada. Só fiquei com medo. E, mesmo depois de tudo o que aconteceu, fiquei com mais medo ainda. Mas, infelizmente, aconteceu. Não posso fazer nada”, finalizou Amaral.

Advogados de PM disseram que Pereira e outros agentes foram hostilizados em um baile funk — Marcelo Amaral disse que não estava no evento. O defensor Wanderley Alves citou o “cenário” ao qual os policiais estavam expostos. “Imagine você, cidadão de bem, à flor da pele, em uma situação de estresse? A gente tem a certeza que isso, de algum modo, contribuiu para o cenário. Não estamos dizendo se justifica ou não.” Já o advogado Raul Marcolino declarou que “se ele errou, já está pagando pelo erro e, diga-se de passagem, caro”.

RELEMBRE O CASO

O caso aconteceu na madrugada de segunda-feira (2) e foi registrado por uma testemunha. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que determinou o afastamento imediato de 13 policiais militares envolvidos na ocorrência.

Militares pertencem ao 24° Batalhão da PM, localizado na cidade de Diadema, na Grande SP. “A instituição repudia veementemente a conduta ilegal e instaurou um inquérito para apurar os fatos e responsabilizar todos os agentes. A Polícia Militar reitera seu compromisso com a legalidade e não tolera desvios de conduta”, diz nota enviada ao UOL.

Jovem arremessado de ponte não teve ferimentos graves. Ele passou a ser perseguido por PMs da Rocam após fugir de uma abordagem quando conduzia uma moto sem placa na noite de domingo (1º) em Diadema, na Grande São Paulo.

Ele foi interceptado pela PM em Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo, após perseguição de dois quilômetros. De acordo com o registro policial, os agentes não encontraram nada ilícito durante a abordagem, pouco antes de o jovem ter sido arremessado da ponte. Na cena registrada em vídeo por uma testemunha, há a participação de ao menos quatro policiais militares.

Polícia Militar disse que garrafas, pedras e pedaços de madeira foram arremessados na direção dos agentes durante a perseguição. Nenhum se feriu na ocasião.

Registro só foi feito em base da força tática da PM. Em registro, os policiais militares que participaram da ocorrência disseram que o local era de risco por ser reduto histórico de bailes funk. Luan omitiu no registro policial que o jovem foi jogado da ponte.

Por Folhapress



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