Nas eleições municipais deste ano, os eleitores de 214 cidades brasileiras terão apenas uma opção de candidato a prefeito para votar. Esse número é o maior da série histórica, no comparativo entre todas as eleições, até então.
No pleito anterior, em 2020, foram 107 municípios com candidato único, exatamente a metade da quantidade atual. Os dados fazem parte das estatísticas das eleições, que estão no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Dentre os estados brasileiros, 20 possuem cidades que têm, apenas, um candidato a prefeito. O Rio Grande do Sul lidera o ranking, com 43 municípios, seguido por Minas Gerais, com 41; São Paulo, 26; Goiás, 20; Paraná, 18; e Piauí, 11.
Veja a lista das 214 cidades abaixo:
Recorde do Rio Grande do Sul
O recorde em âmbito nacional repetiu-se, também, no Rio Grande do Sul. Historicamente, o estado sempre apareceu nas primeiras posições, entre os que possuem mais cidades com candidato único à prefeitura. Desta vez, no entanto, o total atingido foi o maior já registrado em território gaúcho.
Nas eleições de 2020, foram 33 cidades do estado com apenas um candidato a prefeito. No pleito deste ano, 10 municípios a mais vão enfrentar esse contexto, chegando a 43, ou seja, 8,6% dos 497 municípios do RS.
Dessas 43 cidades, 38 foram atingidas pelas enchentes de abril e maio deste ano, conforme a lista da Defesa Civil divulgada à época. Além disso, em 25 delas os candidatos são os atuais prefeitos e vão, portanto, à reeleição. Em 18, os futuros gestores serão novatos.
Prejuízo à democracia
Essa realidade de candidato único em centenas de cidades brasileiras é criticada pelo advogado e mestre em ciências jurídico-políticas Dyogo Crosara. Para ele, a existência de apenas uma opção para prefeito é um prejuízo à democracia.
Esse tipo de situação é algo muito perigoso para a democracia, que se dá, essencialmente, pelo embate e pelo contraponto. Quando você tem eleições definidas previamente, com uma única opção de candidato, isso significa que algo está errado. Quando não se tem o outro lado, ou o confronto, perde-se o contraponto. Confronto faz parte do processo democrático. É preciso debater, discutir e ter opções. Quando não temos isso, a democracia se perde, diz ele.
O advogado aponta o crescente desinteresse das pessoas pela política como uma das explicações do cenário atual. Crosara defende que é preciso tomar cuidado para não criminalizar a política, a ponto de espantar novos gestores e interessados em se candidatar.
Fonte: Metrópoles
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